Ainda me lembro da tarde que precedeu o anúncio: Ana chegou e me ignorou completamente, nem a minha barriga fofa virada pra cima tirou a minha dona do transe. Ela estava inquieta, andava de um lado para o outro fazendo mil coisas ao mesmo tempo, mas sem tirar os olhos da bolsa. Todo mundo sabe que gato que se preza é curioso e por isso mesmo fui dar uma espiadinha, lá dentro havia um objeto diferente, longo e azul. Tive que esperar para saber o que estava acontecendo, mas a minha espera foi bem menos longa que a da Ana, ela sim, parecia esperar uma eternidade com aquele bastãozinho na mão.
A resposta veio com um sorriso e um carinho, primeiro na barriga, depois em mim. Não sabia qual era a novidade, mas com certeza era boa. Outra espera, desta vez por Nicolas. Esta sexta-feira à noite foi uma explosão de choro, de risos, de dúvidas, de felicidade. Foi preciso toda a noite para voltar a respirar com calma de novo.
Na manhã seguinte, a notícia se espalhou pelo telefone. Nos meses seguintes vi a Ana mudar de forma, de apetite, de humor e de tamanho, e depois de uma semana de ausência, a vi chegando em casa com algo nos braços que ela segurava com extrema delicadeza. Esperei o melhor momento para entrar no quarto, com respeito e cautela cheguei perto da Ana e nesse momento fui apresentado à Chloé. Com dois quilos e oitocentos gramas parecia frágil, tinha os olhos escuros e expressivos do pai e, para a minha surpresa, o meu nariz arrebitado! Posso dizer que fiquei apaixonado e que à partir daquele dia Chloé poderia contar um com um outro anjo da guarda, nesse caso fantasiado de urso de pelúcia.
Texto do Quiqui, o Gato.
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