“As trombetas anunciam a chegada dos cavaleiros. Templários, hospitaleiros, teutônicos e outras Ordens vestidos a caráter com todas as armas às quais têm direito. O cortejo com outros personagens vinha logo atrás, seguido por moças usando coloridos vestidos medievais. Elas portam estandartes com brasões e bandeiras.
O grupo segue com entusiasmo a música tocada por flautas de Pan, liras e outros instrumentos da época pelas ruas estreitas e pavimentadas em pedra do vilarejo de Les-Baux-de-Provence.
O movimento é acompanhado de perto pela câmera de Yves.
— Você não quer fazer nenhuma entrevista, Anne?
— Ainda não me conformo de estar aqui, Yves. Precisava ter insistido tanto em cobrir esse festival medieval?
— Adoro a atmosfera do lugar…
— Eu acho ridículo.
— Não seja amarga. Essas pessoas têm o mérito de manter vivas as lendas e histórias da região. Acho a iniciativa louvável.”
Esse trecho do primeiro volume da série SagradoS*, mostra o que é um festival medieval. Achei importante dar espaço a essa tradição provençal no livro que usa como inspiração as lendas e hábitos locais. Os festivais medievais animam a Provence de abril a setembro, normalmente nos fins de semana, e se espalham por várias cidades da região. Alguns deles contam com mercados típicos onde são vendidos produtos “medievais” e de inspiração medieval, como a bebida hidromel, e torneios.
Recentemente conheci mais um, o de Peyrolles-en-Provence, que comemorava a décima edição, a 27Km de Aix. Para começar a cidadezinha conta com um cenário original de dar inveja a qualquer diretor de arte: um castelo. Dentro das duas alas arrendondadas que formam “braços”, havia sido montado um palco para os tronos do rei René e da rainha Jeanne e um espaço para o combate dos cavaleiros. Animais (carneiros, patos e até um unicórnio!), três tavernas e muita fantasia aumentavam o ambiente da festa, animada por um desfile de elfos, fadas, monstros e saltimbancos. A música celta ajuda a criar o clima que tem até sabor de um outro tempo com o presunto assado na fogueira e servido com uma enorme fatia de pão e queijos. Do lado de fora do vilarejo, bastava seguir as barraquinhas do mercado para chegar até o acampamento dos cavaleiros.
A viagem pelo tempo é gratuita e um modo genial de mostrar às crianças como era a vida e algumas profissões da Idade Média, como o ferreiro, a bordadeira e o vitreiro, claro que de um jeito bem mais romântico e mágico. Passar um momento em uma dessas festas é mais do que diversão, mas uma maneira de respeitar o trabalho excepcional feito por centenas de pessoas apaixonadas pela história.
SagradoS – A Aliança de Maria Madalena é o primeiro volume da série, adquira o seu no Amazon.com.br.