Errar durante a programação de uma viagem é natural, principalmente se é a primeira vez que visitamos uma região. São tantas informações, imagens e dicas dos amigos e parentes que podemos nos perder na hora de fazer o roteiro e de reservar as visitas. Nos meus anos de experiência recebendo brasileiros na Provence, vi alguns equívocos mais comuns do que outros. Nesse post, selecionei os treze, que na minha opinião, podem atrapalhar mais a viagem:
1-) Pouco tempo:
Com seis departamentos e quase do mesmo tamanho que o estado brasileiro de Sergipe, a Provence exige e merece tempo para ser visitada, por isso ficar apenas um ou dois dias em uma das maiores regiões da França é quase um crime. Para quem quer visitar apenas o interior – Aix, Avignon, Luberon, lavandas, etc. – sugiro pelo menos sete dias, os passageiros que pretendem esticar até a Riviera devem ficar mais quatro dias para conhecer e aproveitar Nice, Cannes, Saint-Tropez, Mônaco, etc.
2-) Fazer programas muito carregados com coisa demais no mesmo dia:
Consequência do primeiro erro. Com estradas excelentes e distâncias entre as principais atrações relativamente curtas (Avignon-Aix, por exemplo, 85Km), muita gente carrega o programa com várias visitas no mesmo dia. Isso é um erro enorme por que outros fatores tão importantes quanto as poucas distâncias e qualidade das estradas devem ser levados em conta, são eles: o ritmo de cada passageiro (idosos, crianças, pessoas com problemas de locomoção, etc.); o tempo na mesa (quanto maior o grupo, mais tempo vai ser preciso para almoçar ou jantar); as lojinhas (são inúmeras, cada uma mais fofa do que a outra); os museus (doze, apenas em Aix); os monumentos históricos; a multidão e os engarrafamentos durante o verão; a falta de conhecimento com a região (apesar do GPS) e as placas, todas em francês.
3-) Comprar o passe do trem:
O trem na Provence é uma excelente opção para grandes distâncias (Paris-Aix, por exemplo), e na Riviera; mas uma péssima ideia se o seu objetivo é visitar o interior. O ônibus pode ser interessante entre as cidades maiores, mas para visitar os vilarejos, abadias medievais e outros monumentos, vinhedos e os sites naturais que têm o acesso mais complicado, o carro é a melhor sugestão.
4-) Uma noite, um hotel:
Isso não é necessário. Você só vai perder tempo entrando e saindo dos hotéis. Se o seu programa for bem pensado, dois hotéis são suficientes para que faça bate-volta em circuitos de 8h. Um hotel para o interior (recomendo Aix-en-Provence ou Avignon) e outro para a Riviera (em Nice ou Cannes, por exemplo).
5-) Trazer dólares:
Ninguém vai receber os dólares que trouxer. Traga euros ou vai ter que tirar uma manhã para achar uma casa de câmbio e efetuar a troca das moedas. Leve moedas e notas para conhecer os mercados, a maioria dos comerciantes são produtores locais e não trabalham com cartões.
6-) Sair com muitas notas na carteira e o passaporte:
Furtos são relativamente raros, o que acontece com mais frequência é perder a carteira, principalmente nas feiras. Levar poucas notas e um cartão com o endereço do hotel é sempre uma boa ideia, caso a carteira se perca ela pode ser encontrada no departamento de achados e perdidos caso a cidade conte com esse serviço (como Aix, por exemplo). Provavelmente você vai recuperar os seus documentos, o dinheiro vai ser mais difícil. Sobre o passaporte é simples: deixe no hotel. Se perdê-lo, vai precisar voltar para Paris mais cedo para providenciar outro. Não temos nenhum consulado brasileiro no sul da França.
7-) Querer ver os campos de lavanda em maio ou setembro:
Os campos de lavanda só florescem durante o verão, ou seja, entre o meio de junho e o meio de julho. Tentar vê-los fora desse período é como querer ir ao carnaval do Rio em agosto. Outro erro comum: achar que eles ficam vizinhos às grandes cidades. Os campos ficam fora dos grandes perímetros urbanos e isso também vale para vinhedos, girassóis, trigo e outras plantações.
😎 Não dizer “bonjour”, “merci” e “s’il vous plaît”:
O francês é formal. Ninguém chama um desconhecido de “você” e entre conhecidos é preciso ter a autorização da pessoa para tratá-la de uma maneira informal. Traduzindo: chame todas as mulheres com quem cruzar de “madame” e os homens de “monsieur”. Ao começar uma conversa diga “bonjour” e ao terminar: “merci”. O “s’il vous plaît” (por favor) é fundamental.
9-) Achar que o francês é grosso, mal-educado e que não gosta de falar inglês:
Nem uma coisa, nem outra. Franceses são formais como expliquei acima e tratar alguém que não conhece como o melhor amigo de infância é o primeiro passo para um começo desastroso. Assobiar para o garçom, é outro. Entrar em um restaurante, sentar em uma mesa e ir no banheiro sem falar com ninguém é um convite para ser expulso do local. O meu conselho: espere na porta até que alguém o veja e indique onde pode se sentar. Usar algumas palavras em francês ajuda a quebrar o gelo antes de perguntar se a pessoa fala inglês. Como no Brasil, muitos franceses não falam outras línguas. Aproveito para lembrar que uma lei protege a íngua nacional e por isso os filmes estrangeiros que passam no cinema são dublados em francês e que a música estrangeira nas rádios é limitada a uma cota por dia, o que não ajuda a desenvolver a “orelha” para outros idiomas.
10-) Começar e terminar a viagem no aeroporto de Marseille-Provence com a Riviera no programa:
A Provence conta com dois grandes aeroportos: o de Marseille-Provence (que fica entre Aix-en-Provence e Marselha) e o de Nice. Sempre aconselho aos meus grupos a começar a viagem por um e terminar a viagem no outro. Isso evita o transfert da volta, cerca de 2n30 distância entre Nice e Aix e que tem um custo muito maior.
11-) Querer dormir em Marselha para chegar no aeroporto mais rápido:
Isso não é necessário. Como expliquei: o aeroporto Marseille-Provence, apesar do nome, não fica em Marselha, mas em Marignane (26Km de Marselha e a mesma distância de Aix-en-Provence). Ou seja, você pode optar por dormir em Marselha ou Aix, e isso não tem nada a ver com o aeroporto. Querer visitar Marselha rapidamente assim que chegar no aeroporto também é um erro pela razão que acabei de explicar.
12-) Trazer malas enormes pensando no frio polar:
Roupa de frio em excesso, sapatos em excesso, produtos de higiene em excesso! Algumas malas são tão grandes que poderiam trazer uma criança dentro! Isso pode causar vários problemas: peso extra e mais custo com a bagagem; carregar uma mala gigantesca sozinho em hotéis sem elevador; quedas em escadas (aconteceu com uma prima minha); as portas do TGV ficam abertas apenas por cerca de três minutos e nenhum funcionário está ali para ajudar com as malas e excesso de bagagem nas vans ou táxis contratados para o transfert diminuindo o conforto dos passageiros. Trazer pouca bagagem facilita o transporte e depois, se quiser, vai ter espaço para levar mais lembrancinhas na volta para casa.
13-) Contratar pessoas não qualificadas:
A França tem vários tipos de profissionais e diversas autorizações que os qualificam a trabalhar com o turismo. Essas autorizações são dadas apenas aos profissionais habilitados e que contam com os seguros necessários para exercer as funções. São guias, motoristas de carros para turistas, agências de viagens, etc. Caso opte por um serviço como esse, verifique se o profissional em questão tem as devidas autorizações para trabalhar em solo francês. Mas como descobrir isso? Simples. O guia nacional que pode entrar em museus e monumentos deve ter uma carteira de guide conferencier, o motorista uma carteira VTC e os sites que vendem diversos produtos como transporte, hospedagem ou experiências gastronômicas como a Na Provence, contam obrigatoriamente com um número de agência de viagem dado pela ATOUT FRANCE, equivalente da EMBRATUR brasileira, visível no site em questão.
Coso você tenha alguma sugestão ou queira compartilhar algum erro/solução da sua viagem pela Provence, envie um mail para site@naprovence.com.
Boa viagem!
Anaté Merger é diretora da agência de vagens Na Provence e autora do guia “O Essencial da Provence“.
8 Replies to “Quais são os treze maiores erros de quem visita a Provence?”
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