Praia nunca foi o meu programa preferido. Assumo.
Sei que é quase uma heresia dizer isso, afinal nasci em Natal, mas como fui criada em Brasília e voltei à terrinha aos 16 anos estava mais perto do esquema “escola-clube-televisão” que de qualquer outra coisa. O estrago estava feito.
Mesmo os nove anos vividos na Cidade do Sol não mudaram muito a minha rotina. Praia? Em alguns-poucos fins de semana, durante as férias ou no carnaval com as primas. Gostava mais de ir ao cinema, passear pela orla para ver o pôr-do-sol, sair com os amigos à noite.
A praia em si nunca foi o problema, o pesado era organizar a saída. Diferente de um cineminha onde a única preocupação é escolher o filme, não podemos ir à praia sem sacola, toalhas, depilação, biquini na moda, nem protetor solar, e isso é o mínimo. Quando os filhos chegam o passeio vira mudança de circo: brinquedos, guarda-sol gigante, livros, água, lanchinho – a famosa “farofa”.
Depois de sair de Aix-en-Provence, rodamos 15 quilômetros, pegamos um engarrafamento básico, damos mais algumas voltas para achar uma vaga para o carro e – ufa! – chegamos na praia de Sausset-les-Pins.
Ai começa o espetáculo: senhoras que no dia-a-dia cobrem os joelhos e o colo se deixam levar pelo calor de 35°C (em média) e se mostram sem complexos (o que é ótimo!). Bolinhas de frescobol circulam sem cerimônia e todo mundo brilha num misto de suor e cremes.
No Brasil ou sul da França a praia se parece, mas além do top-less permitido por aqui, existe outra diferença: pública, sem dúvida, democrática com certeza, mas sem esculhambação: animais não entram, sabonete e shampoo para tomar banho nas duchas também não são permitidos e música apenas com headphone. Ou seja, todo mundo tranqüilo, lendo um livro, falando no celular, tomando um banho, ou sentadinho no seu metro quadrado de areia, ou como é o caso de Sausset-les-Pins, de pedregulhos (bom para quem tem tendência à Fakir).
Nicolas gosta de praia e Chloé começa a achar divertido brincar com as ondas na água fria (15°C, 18°C). Faço esse programa por causa deles. Não consigo entrar no mar* e com Chloé não relaxo para me bronzear corretamente.
Para não virar a chata de plantão, tiro fotos, observo os vizinhos e espero pacientemente minha familia se cansar e decidir voltar para casa onde um bom banho vai levar o calor e o mal humor embora. E para você me achar mais chata ainda: ainda bem que o verão por aqui não dura o ano inteiro…
* Acho que estou me acostumando até com o mar frio: mergulhei com as crianças nas férias de 2012. Nota do Editor.
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