Daqui a algumas horas a França vai ter um novo presidente. A quinta potência mundial vai escolher entre François Hollande e o atual chefe de Estado Nicolas Sarkosy. Depois do susto de ver a candidata de extrema direita – Marine Le Pen – alcançar a margem histórica de 18% dos votos, fui tentar entender como o francês vota. Nada a ver com as intenções – apesar de discutir abertamente sobre política, os franceses que conheço são discretos quando o assunto é o voto – mas com o processo da eleição feita ainda com urnas e pedaços de papel.
Depois de aguardar na fila, o eleitor escolhe um das opções sobre a mesa (montinhos de voto com os nomes dos canditados são colocados à disposição). Em seguida, ele assina um documento que prova a sua participação (conferida com o título de eleitor), coloca o voto dentro de um envelope, fecha e o insere dentro de uma urna transparente.
Com o término da eleição, o presidente da zona eleitoral, sempre em frente à urna, começa a contagem dos votos com a equipe de funcionários públicos que trabalhou durante todo o dia e que ganha entre 120 e 360 euros pelo serviço. Um a um os envelopes são reunidos em blocos de cem e à partir desse momento eles são abertos.
Dois funcionários lêem em voz alta os nomes dos candidatos alternadamente, enquanto outros dois funcionários, um em frente ao outro marcam os votos para cada canditato. Depois que todos os envelopes são abertos o número de votos é conferido com o número de assinaturas dos eleitores presentes.
Os votos são colocados em grandes envelopes e entregues na sede da prefeitura de cada cidade. Os votos não utilizados são destruídos. Apesar do método arcaico de votação e contagem o resultado das urnas é divulgado por volta das nove da noite. Agora só resta esperar, para Sarkosy e Hollande mais algumas horas, para mim, mais alguns meses quando vou poder viver essa experiência pessoalmente. Depois que obtive a naturalização o direito de voto e de escolher quem governa o país também vai estar nas minhas mãos.