Este foi o quinto Natal que passei na França, com uma exceção: em 2006 fui de mala e cuia para o Brasil visitar a família. Mas tenho a impressão de que vou precisar de muitos outros para me acostumar com esta festa por aqui.
Como no Brasil o Natal é um encontro da família – este ano nos reunimos na casa da minha sogra – íntimo, com árvore toda enfeitada e mesa farta. O problema está justamente aí, na mesa. Nunca tinha dado muita importância ao peru inteiro dourado, com as patinhas cobertas por “sapatinhos”, ao salpicão e à farofa, mas assim que a data do 24 de dezembro vai se aproximando vou deprimindo.
Não que não seja bom o que vai ser servido, normalmente é, mas o que acha de comemorar o Natal com o seguinte menu: como entrada fatias de salmão defumado com creme e cebola e ostras, no prato principal camarões assados, lagostins e escargots (os famosos caracóis que meu sogro adora e nunca tive coragem de experimentar), de sobremesa você pode esquecer a rabanada, a mousse de manga, o pavê de chocolate porque vai rolar a tradicional Bûche de Noël (troco de árvore), um rocombole coberto de creme feito com manteiga e de figurinhas que representam o Papai Noel e companhia. Para acompanhar vinho e champagne. Coca-cola ou suco de fruta na mesa são considerados uma heresia.
Engraçado como a cultura é algo forte que está encravada na nossa alma, mesmo com um esforço dos meus queridos sogros não gosto da mesa do Natal aqui. Acho fria e sem criatividade. No almoço do dia seguinte o chapon (o nosso chester) com cogumelos desceu com mais prazer, muito bem temperado e preparado por Reine.
Para dar uma levantada no moral fizemos o Réveillon lá em casa entre amigos. A maioria brasileiros que você já conhece: Nete e a irmã Zélia que mora na Inglaterra, Ludovic e Tiago; Danielle, Jean-Christophe e Lucas e Anne Sybille. Um casal francês: Daniel e Noemi completavam a mesa. O menu seguiu a mesma inspiração: um lombo de porco assado com frutas, arroz e farofa de ovo. Senti-me realmente em casa, falando português, comendo o que me faz lembrar a minha infância, escutando samba e bossa nova, vendo a saudade ir embora com a última porção de farofa. Como uma poção mágica a comidinha com o tempero brasileiro me deu forças para começar o novo ano com o pé direito e com esperança de voltar ao Brasil o mais cedo possível para degustar uma boa coxinha de galinha, cocada, churrasco, maionese de batata além de “apresentar” para a minha Chloé as delícias inesquecíveis da culinária brasileira.
Feliz 2009!
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